Eu ainda te procuro. Ainda procuro te encontrar no volante de alguns carros que passam por mim; te espero em momentos que você chegaria; te procuro nos papéis da gaveta, como se sua letra te trouxesse para mais perto, e muitas vezes me pego procurando seu número para te ligar.
Tanta coisa queria te contar, conversar como conversávamos, ouvir o que você diria, me orientando ou dizendo que eu estava fazendo a escolha e tomando a atitude certas.
Outras tantas coisas, queria que você visse de nós. O que fizemos neste tempo que você não está aqui. O que conseguimos, o que superamos, o que nunca imaginaríamos possível sem você participando diretamente com a gente.
Podia ter aproveitado mais para aprender com você. Com as suas experiências, erros e acertos.
Gostaria de ter ouvido mais vezes aquelas histórias que você tanto repetiu. Era tão certo que conhecíamos o final, que hoje queria ter prestado mais atenção nos detalhes, nas suas risadas e no quanto você ficava vermelho de rir, ao relembrar e contar. Tantas vezes contava, ria, como se fosse a primeira vez.
Queria ter te abraçado mais vezes, mas sei que nunca me esquecerei da força dos seus braços em volta do meu corpo, que mais pareciam escudos ou uma fortaleza. Tão poderoso, quente e acolhedor, o seu abraço, que carregarei sempre comigo.
Talvez eu quisesse que você apenas estivesse lá, perto dos nossos, fazendo a sua presença tão forte, que a sua ausência tem tanta dificuldade em atenuar.
Não queria que você fosse esquecido, talvez porque eu não deixo de lembrar um instante de você e do que representa para nós.
Mas você vive em nós. Vive nas palavras que ficaram, nos sorrisos, na rabugice, nas brincadeiras que revivemos, nos gestos que involuntariamente repetimos, nas lições e ensinamentos que ainda nos regem. Vive na eterna saudade e na memória dos anos que nos trouxeram até aqui e na contribuição do que somos hoje, todos nós.
Há dois anos, não me abrigo em seu abraço, não sinto sua mão no meu rosto, não escuto ‘minha filha’, não me fortaleço na sua presença. Você faz muita falta! Mas sei que estaria feliz com o quanto nos unimos e caminhamos dia a dia, mesmo com tantos desafios.
Saudade, pai. Até breve!
Juliana Costa Khouri
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