Reflexão sobre a doença do século



Está na boca de todo mundo. Todo mundo sabe, todo mundo sente... ora banalizam, ora radicalizam, recebe todo tipo de trato. É chamada mal do século, porque nunca houve tanta incidência, em qualquer século anterior. As condições sociais da atualidade contribuem bastante para o crescimento do índice de acometidos.

Para tratar desta questão, comumente, colocamos a nossa medida para aferir a dor do outro. A nossa bagagem, nossos calos, nossas forças... o julgamento que se faz é quase sempre impreciso porque desconsidera muitas questões próprias de a quem sente. A dor do outro é uma das muitas coisas que não se pode saber, não se pode determinar, nem mesmo de nós próprios somos capazes de compreender a essência e profundidade. Por isso, não há regras nem padrões.

Como doença, deve-se aplicar tratamento médico e psicoterapêutico. É indispensável que a máquina orgânica que conduz o espírito imortal receba também cuidados, reforços para combater essa doença física e psíquica, que se porta como doença autoimune no autoextermínio das próprias forças, esperanças e alegrias. 

Difícil é entender e aceitar que o papel de quem convive com quem tem a doença do século é de apoio, de compreensão e de tolerância. Algumas vezes, até de intervir, mas sempre de forma coadjuvante. É um momento de avaliação interior, uma etapa de autoconhecimento, de “redecoração íntima”. Isso, quando é etapa de movimento, de transição. Observa-se muitas vezes a necessidade de aceitação de si próprio, de aceitação da realidade (não com passividade, mas com resiliência), compreensão da responsabilidade do indivíduo em relação à construção do presente que vive, e consequentemente, do futuro que quer viver e, ainda, a necessidade de combater o orgulho de resistir à ajuda exterior.

Importa que quem a tem e luta contra ela, não se acomode na dor. Que esteja em constante movimento para encontrar recursos e fortalecer internamente a vontade de superar. E a quem segue próximo, de não perder a vontade de viver, de não perder a fé e a alegria. Para estar junto e ajudar, sem deixar de ser quem se é. Não se pode viver a vida do outro, combater suas batalhas, superar os seus obstáculos.

Mas, para tudo, sempre, “só o amor é a solução”!


Juliana Costa Khouri


Comentários