Um ano sem Georges Khouri


Faz um ano que ele não está mais aqui.

Nesse tempo, sentimos muito a falta dele, em tudo, e sempre.

Mesmo sem saber o exato objetivo dessas palavras, comecei a escrever porque queria que ele fosse lembrado, apesar de acreditar que ele nunca será esquecido por quem conviveu com ele e teve a vida, de alguma forma, marcada por sua presença.

A ausência faz a gente repensar os momentos juntos. A importância, a grandeza de cada simples momento. E surge a vontade de compartilhar.

Georges Khouri é uma pessoa especial. É especial não só porque ele é meu pai e porque eu o amo, mas porque sua existência modificou não só seus familiares próximos, mas tantas outras pessoas que puderam estar perto dele.

Como psicólogo e como professor, não se limitava às obrigações profissionais. Auxiliou e orientou a muitos que procuraram seus conselhos, suas considerações.

Como maçom, foi atuante, polêmico, veemente, e dedicado.

Aliás, dedicação é uma palavra que expressa muito do que ele significa. Em seu cotidiano, ele se dedicava, entregava seus pensamentos e ações em prol do que acreditava, do que queria defender ou fazer crescer.

Participou ativamente de muitas instituições e organizações civis. E fez isso por acreditar, por querer ver bons resultados. Porque acreditava nas pessoas, em seus potenciais e no que tinham de melhor.
Muito, muito difícil falar dele. Palavras são extremamente limitadas, não carregam a força do sentimento de admiração, nem da força dele de ser.

E é muito gratificante quando escuto algo sobre o que ele fez ou falou, que possa ter ajudado alguém. É como se eu pudesse testemunhar que ele vive ainda em mais alguém além de nós.

Não tenho a menor ilusão de que ele tenha sido um homem perfeito, sem erros, sem medos, ou que tenha agradado a todos. Ao contrário, quando a gente cresce, a vida faz a gente ver o homem além do pai. É talvez a parte mais difícil para uma filha que sempre admirou sem limites toda aquela segurança. Por outro lado, penso que, talvez, essa separação e esse amadurecimento, fazem com que eu consiga ver em todos os defeitos dele, a vontade de querer fazer o melhor, de acertar, de proteger e de encontrar a nossa, e a sua própria felicidade.

Ele foi o melhor, mas o melhor que ele pôde, dentro de suas capacidades, considerando seus valores e suas experiências. Foi bravo, brigador, calmo e ponderado, conforme a vida o lapidou.

Deixou lembranças no esporte, nas organizações da sociedade civil, no consultório, na faculdade, nas amizades. Muita gente o conheceu, e muita gente tem boas lembranças dele. Isso é muito prazeroso!
Pra mim, ele foi muito mais do que posso expressar. Acho inclusive que minha família compartilha comigo da dificuldade de definir sua representatividade, tamanhos amor e saudade sentimos por ele.
Ele foi doçura e fortaleza, proteção e impulso, ponto de partida e de chegada...

É um paradoxo querer fazer lembrar daquilo que não se pode esquecer... Com estas palavras, partilho um pouquinho, muito pequeno, da minha saudade, que é também a da minha mãe, dos meus irmãos, dos meus tios, familiares e amigos muito queridos.

Ele foi a minha rocha. Aprendi muito com ele. Hoje em dia, antes de concluir alguma coisa, eu tento encontrar dentro de mim a resposta que ele diria, o que pensaria a respeito. É e será minha referência.
A nossa fé é que faz dessa saudade um fardo mais leve. Saber que essa separação da presença dele é temporária, saber que nos encontraremos de novo, enche nossas vidas de esperança, conforto e paz. Faz com que queiramos fazer tudo da melhor forma possível, como se pudéssemos ainda querer deixá-lo orgulhoso de nós.

Mas isso não impede que sintamos saudade... muita saudade.

Saudade de conversar com ele! Saudade do abraço apertado, do beijo, da sua mão carinhosa no meu rosto.

‘Minha filha’, ele dizia... ‘minha filha’...


Em dez de 2016.
Juliana Costa Khouri

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